FASE 2 - Liberdade conquistada - Versão Libertadora

Neste contexto, para os gregos equivale dizer “bem-estar” ou felicidade genuína, aquela que deriva do que cultivamos e/ou que trazemos ao mundo, de forma não condicionada e não modulada pelas circunstâncias externas.
O bem-estar é o resultado de quatro inteligentes equilíbrios:
Equilíbrio Conativo (Carga de afetividade e expressividade) – refere-se a discriminar intenções e desejos e alinhá-los ao cultivo do bem-estar de si mesmo e dos outros
Equilíbrio da Atenção – equivale a “afinar o instrumento” da minha atenção para que eu possa focar no que realmente importa.
Equilíbrio Cognitivo – a inteligência desenvolvida aqui é a de perceber da forma mais clara possível o que a realidade está me apresentando, identificando o papel do observador na interpretação da realidade.
Equilíbrio Afetivo – meu bem-estar é diretamente influenciado pela qualidade das minhas relações e emoções. Aqui cultivo um novo olhar para mim mesmo e para os outros. (Exemplo: saber perdoar-me).

É de bom alvitre que eu pense no que vou dizer antes de abrir a boca, principalmente quando o coração estiver tomado de desarmonias negativas. Procure ser manso, fiel às energias harmoniosas. Desenvolva a arte de não agredir, seja gentil. Lembrar-me que agressão é o reflexo daquilo que ainda não venci em mim mesmo.
​Busque a tolerância antes de emitir um único som. Devo lembrar-me que sou passível de cometer enganos. Se não tenho nada de bom e verdadeiro ou útil a dizer, é melhor ficar em silêncio. Como sei, o silêncio não comete enganos.
​Devo observar e refletir: em tudo há encadeamentos e consequências. Estou mergulhado num mar de energias: tudo flui, como meus pensamentos, emoções, palavras e ações. Entretanto, no Universo existem leis que zelam pela harmonia, como a lei de causa e efeito. Pelo que sei, poucos são os que se posicionam fora de seu longo braço, tanto no agora como ao longo dos séculos. Preciso entender que tudo retorna ao desarmonizador. Assim,o espírito, consequentemente, fica preso pelas energias que gerar. A causação se manifestará em diferentes circunstâncias ao longo de minha vida. Desta forma, devo considerar que convirjo para mim o que sou ou que semear, positivamente ou negativamente. Se convirjo êxitos terei êxitos, se convirjo fracassos, terei fracassos. Na verdade, sou resultado do que pensar e consequentemente de muitas ações atreladas ao pensamento construtor ou destruidor.
​Pelo entendimento das Leis do equilíbrio, devo aprender a ser harmonioso tanto quanto possível, refletindo sobre cada pensamento, ou seja, livre de emoções incoerentes com minha verdade. Desta forma, já posso perceber que fui criado para expressar luz, conquistar o equilíbrio e consequentemente integrar-me no Universo.
​ preciso evitar a necessidade de me impor, devo ser mais plural, evitando o egocentrismo. Procurar ser mais fluídico, sem causar indesejáveis incômodos a ninguém. Se desejar a verdadeira liberdade, estes entendimentos serão fundamentais. Preciso entender que, para ser “iniciado” na senda que me leva à plenitude de mim mesmo, serão necessários muitos esforços. Equivale a andar anos sobre papel de seda sem rasgar.
​Não devo me dar demasiada importância; devo ser humilde, pois quanto mais me mostrar superior ou prepotente, mais me torno prisioneiro da personalidade rasteira. Assim, passo a viver num mundo de tensão para manter minha imagem, por vezes, ou quase sempre, muito mentirosa em função do ego. O ego tem uma mentalidade separatista, assim, desobedecendo à lei do equilíbrio. Devo entender que, se alguém não concorda com minha verdade, isto não tem a menor relevância. Sei que a verdade prevalece sempre sobre a mentira e que nem sequer tenho o direito de trair a minha consciência, adotando a verdade que outros me oferecem em detrimento da verdade que concebo como tal. Não tenho com que me preocupar, é como diz o ditado: “Ninguém pode tapar o sol com a peneira”. Do mesmo modo, sei que os homens mais cultos reconhecem a verdade sem esforço. Ao passo que os ignorantes, serão vitimas de si mesmos e, nesse aspecto, pouco se pode fazer, eles preferem viver se enganando incansavelmente. Teimosos até que as dores os libertem. Se me mantenho fiel a mim mesmo, conquisto minha liberdade e não tenho que passar por aquelas dores.
​Também devo perceber que ser discreto evita olhares defeituosos sobre mim; o importante será preservar minha comunhão com o Divino. Assim liberto-me da necessidade da opinião alheia e terei uma vida mais equilibrada. Não devo entrar em competições verbais, para preservar o equilíbrio; a paz é sempre restauradora. devo nutrir os “adversários” sempre com sentimentos de compreensão, pois sei que o ego adora um campo de batalha, suas armas são extremamente sofisticadas e pestilentas, o que acarreta uma deterioração da alma. O ego tem ao seu favor anos de aperfeiçoamento simbiótico com personalismos errantes.
​É importante entender que o silêncio interno acalma a mente e me permite agir com mais discernimento. Assim, devo me livrar dos impulsos impensados, digo, de todos os inimigos da paz e consequentemente da saúde psíquica. Portanto, devo evitar decisões conflitantes. Em muitos momentos, não terei condição de mudar o mundo ou compreendê-lo em um só tempo. Que eu me municie de melhores decisões, mas se estiver errado, devo aceitar meus erros. Devo seguir em frente, ciente que não domino toda a verdade. Cada ser foi feito para se completar no outro enquanto não atinge toda iluminação para abranger seu próprio universo interior.
É necessário compreender que não saber gera um incômodo muito grande para o ego. Ele pensa que sabe tudo, luta para manter seu território sem invasores, principalmente os que ameaçam desmascarar sua rotineira farsa. O ego apenas se empluma para esconder sua inferioridade, assim como um pavão quando se depara com uma possível pretendente.
​Que eu procure compreender antes de condenar, ou fazer críticas desnecessárias, por vezes até humilhantes; busque antes a imparcialidade honesta em meus juízos; saia da dualidade observando a verdade de cada um. Devo lembrar-me que uma mesma verdade pode ser vista por diferentes ângulos, nem por isso perde seu caráter verdadeiro. Portanto, cuidado com os radicalismos ou obliterantes vaidades no pensar. Cada vez que julgo posso correr o risco de expressar minha própria ignorância. Por vezes, só estou escondendo minhas próprias fraquezas, principalmente quando grito mais alto que o outro.
​Pelo que posso perceber, a prudência será evitar pisar em areias movediças; pondere eu meus passos ou palavras com valores que me ergam acima dos erros sistemáticos humanos, ou seja, levantando templos às virtudes e cavando masmorras aos vícios.
​De maneira geral, devo deixar que cada um resolva as suas problemáticas existenciais, concentrar-me na minha própria vida, mas sem ser egoísta. Lembrar-me que nem todos estão prontos para aceitar ajuda, muitos ainda são reféns do orgulho.
​Não dar tanta importância às opiniões alheias, evitar fomentar energias negativas. Não alimentar as fogueiras insanas. Deixar os tolos com suas próprias tolices. Perceba eu que não necessito convencer ninguém, principalmente os detentores de exacerbadas vaidades intelectuais. Pratique eu a arte de não falar, o ego tem o péssimo costume de tagarelar sem a menor consciência do que fala.
​Prefira eu sempre o equilíbrio amoroso, ele é sempre honesto e tem por excelência conduzir à Graça Divina. Quem a tem atrai para si alguns “milagres” ou melhores realizações na vida. Neste aspecto, o equilíbrio é fundamental, pois sobreleva o ser ao patamar de maiores vibrações.

Converta-me eu no Mestre de mim mesmo.
André Ayres.*.

Obs: Este trabalho foi parcialmente baseado na filosofia do TAO.

Taoismo / Cultura chinesa, doutrina mística e filosófica formulada no Século VI a.C. por Lao Tse e desenvolvida a partir de então por inúmeros epígonos(discípulo de um grande mestre), que enfatiza a integração do ser humano à realidade cósmica primordial, o tao, por meio de uma existência natural.

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