sábado, 2 de fevereiro de 2019

Acreditar em Deus é uma escolha racional


Estou acompanhando os debates desse Blog faz algum tempo e resolvi me meter na conversa. Meu argumento é que acreditar em Deus é uma escolha racional e que, ao racionalizar essa escolha cada ser humano perceberá que não há nenhum motivo racional para acreditar em Deus. Esse é o maior paradoxo. Se qualquer pessoa estudar profundamente os alicerces de todas as religiões conhecidas perceberá que todos eles podem ser contestados e negados com uma análise filosófica muito simples. Por exemplo, no catolicismo diz-se que Deus é bom; e é o senhor de todas as coisas. Se ele é bom, e é o senhor de todas as coisas, logo, Ele está referendando todas as mazelas humanas também: violências, estupros, opressão dos mais pobres, etc... Diriam os católicos. Não, mas isso é coisa do Diabo. Ué, se há coisas que são do Diabo, logo, Deus não é o senhor de todas as coisas. O mesmo vale para as teses Kardecistas. Reencarnamos para, dentre outras coisas, purgar nossos “pecados” de outras vidas. Mas reencarnamos sem conseguir lembrar de nada. Se não nos lembramos de nada, como vamos purgar qualquer pecado? O que nos levaria à purificação? A crença em Deus e no bom viver? Ok, mas e se nascermos em uma família de ateus e não tivermos nenhum contato com qualquer religião? E/ou não desenvolvermos qualquer sentimento de religiosidade ou busca transcendental? Lá vai o postulado ladeira a baixo! Eu poderia continuar fazendo esse exercício de lógica indefinidamente, mas acho que já demonstrei meu primeiro argumento.
Porém, quero voltar ao ponto de que acreditar em Deus é uma escolha racional. Como parte dos desígnios da razão, a crença tem que ser testada e contestada todo o tempo. A razão é capaz de colocar perguntas e oferecer respostas quase simultaneamente. Mas, eu penso que pode haver um limite. Pode haver um limite em que a razão fique completamente exausta e torne-se incapaz de responder qualquer coisa. Talvez ai surja uma nova maneira de pensar (ou de não pensar). E talvez nesse momento seja possível encontrar algum caminho para nos aproximarmos de Deus sem os limites tradicionais da razão. Não estou falando de emoções porque entendo que todas as emoções, na minha leitura, são absolutamente racionais. Não parto do princípio da separação entre razão e emoção. Para mim, esses dois movimentos andam em paralelo. Mas eu penso (e não sei explicar racionalmente porque penso assim) que existe alguma coisa, alguma forma de conhecimento para além da razão e das emoções.
Quando vemos as grandes descobertas científicas, é possível imaginar que aconteceram sem razão e sem emoção. Arquimedes e sua grande descoberta sobre a densidade dos metais é um dos melhores exemplos. Ele estava exausto de tanto pensar racionalmente. Mergulhou em uma banheira e de repente encontrou a resposta (provavelmente sem pensar). É claro que há uma briga entre os historiadores da ciência sobre a veracidade da banheira do Arquimedes, mas, esse é apenas um dos vários exemplos. John Nash e a teoria dos jogos, Ramanujan e os números infinitos; e por ai vai.
Bom, em síntese e para não ficar de delongas. Enfatizo que, na minha perspectiva, acreditar em Deus é uma escolha racional que, necessariamente, levará qualquer um a não acreditar em Deus. Talvez no mergulho nesse paradoxo entre a crença racional absoluta e a total descrença racional seja possível efetivamente encontrar Deus. Estou seguindo esse caminho faz algum tempo. Sigo acreditando e desacreditando simultaneamente. Quem sabe um dia eu quebre esse paradoxo.

Rodrigo Rocha

6 comentários:

  1. Se não há nenhum motivo racional para acreditar em Deus, como posso acreditar que Deus existe?

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    1. Prezado Thomas,
      A existência de Deus, aquele que criou os homens e não o que foi “criado pelos homens”, não pode ser objeto de crença e sim de certeza, ou seja, precisamos evoluir da condição “eu creio” para a condição “EU SEI QUE DEUS EXISTE”.

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    2. Agora que eu fiquei confuso. “Deus que criou os homens e não o que foi criado pelos homens”? Então existem dois Deuses, sendo um Criador e outro criado (ou inventado) pelos homens? Agradeceria se você puder me esclarecer a respeito dessa frase, por que estou ficando confuso

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    3. Olá Thomas.
      Fique tranquilo, você está no caminho certo e percebo que está muito próximo de encontrar por si mesmo a resposta definitiva para esta dúvida.
      Não sei se ajuda, mas a noção de Deus com o qual negociamos, ou seja, se seguirmos “seus mandamentos” ele nos gratifica de alguma maneira, é um deus inventado pelos homens.
      E nem se diga que isto é um mal em si mesmo. Foi a maneira que os conhecedores da Verdade encontraram para se fazerem compreender e aceitar, tendo em vista o estágio primitivo em que se encontravam as pessoas com quem pretendiam se comunicar.

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  2. Segundo a doutrina espírita, a reencarnação é uma forma de completar experiências que deveríamos ter vivido, porém houve a interrupção pela morte. Minhas dúvidas sempre foram a respeito da falta de continuidade da memória , e a causa principal desse esquecimento. Como poderia haver uma justa harmonia, se sofro por erros que nem tenho consciência de ter cometido?...Vendo por outro ângulo, e se estes mesmos erros não são meus, mas foram cometidos por outros, e sinto estas consequências por estar sintonizando a mesma frequência dessas pessoas? como em casos de mediunidade, por exemplo? Se a premissa for verdadeira, mudando minha própria frequência, eu estaria livre de um suposto carma adquirido por estar sintonizando esferas de consciência relacionadas com tais "pecados e erros" ?

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    1. Estimada Déborah.

      O Homem de todos os tempos sempre se empenhou pela busca de algo mais além da matéria.
      Isto é um fato que os registros históricos comprovam, mas em todas as civilizações e em todos os tempos, esta busca se submeteu aos parâmetros da racionalidade, como uma necessidade de se fazer compreender pelo grupo social, partindo da premissa de que o homem só dispõe da racionalidade para compreender o que lhe é transmitido por outros homens.
      No espiritismo este método também foi adotado, ou seja, tenta-se explicar racionalmente o que a racionalidade não conseguiu compreender. Daí as diferentes versões (explicações) do fenômeno reencarnacionista.
      Minha contribuição para um relacionamento mais harmonioso com esta realidade, passa pelo entendimento que as sucessivas reencarnações do Espírito acontecem para cumprir os desígnios de Deus (Pai Criador dos Seres Espirituais por derivação direta de si) de conferir ao homem a condição humana e conduzir o processo evolutivo da humanidade.
      A dificuldade que se apresenta, é que este conhecimento só pode ser obtido por cada um quando seu Espírito (DP, ou Centelha Divina...) se liberar do corpo que habita e acessar o PLANO ABSOLUTO, o que é possível e natural quando neutralizar a intervenção da sua mente racionalista.

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